ALÉM DO AMOR
... As flechas atravessavam sua carne
Enquanto ouvia um som perturbador de dores
Que se misturavam com os sons metálicos das espadas;
Seus tridentes, zuniam incessante.
Algo dentro dele o cortava tão profundamente
Que pôde sentir com exatidão a fenda que se abria dentro de sua alma
Que separava tudo que mais amava
Pelas glórias aventurescas de um clã rebelado.
O brasão perdido era um dogma para as batalhas
Preso por sua ambição compreendia
O quanto lutou e trucidou almas desprovidas por sua extrema ambição
Agora, elucidado acima de tudo,
Viu que o objetivo maior entre tantas outras;
Era apenas a forma mais simples de compreender
O fatal inimigo invisível mais poderoso, o amor.
Por esta afeição enérgica muitos clãs aniquilados
Por esta ação benfeitora,
Perdiam os seus melhores soldados
Porque no final de tudo,
Quando encontravam-se com a dama negra eram aniquilados.
O autopensamento, uma forma aniquiladora do mal
Que pesava suas atitudes e muitas vezes, eram pegos por seus autosacrifícios.
Uma arma influente para a passagem.
E isto, o libertou.
Liberou de suas façanhas malévolas
Para se unir a um mundo soberano,
Onde suas ações seriam compensa-los
Por suas verdades mais arrebatadoras
E da-los o que um dia os tomou.
A confiança.
ALÉM DA LENDA
Eu morri inúmeras vezes
Eu conheci o outro lado
O outro lado do espelho,
Onde as lentes corpóreas não alcançam;
Onde os sons são sagrados e as cores são intocáveis
E, os verdes das matas impetrantes.
Os campos que se deixam cavalgar sobre cavalos alados
Pássaros que seguem o arco-íris e quando se chocam,
Deleitam-se de suas cores ultravioletas.
Seres como as fadas
Que possuem mãos de seda e fazem seu próprio mundo.
Anjos que saem de seus reinos
E se transformam numa realidade favorável.
Eu os vi
Mundos que se colidem
E se multiplicam;
Para tornar possível a vida.
Por extensas frações de segundos no tempo espaço
Que chamamos de idade.
Esse período de tempo que se baseia numa infinita cavidade
Que se assemelha como um útero
E que nos abrasa como embriões.
Porque tudo retorna a fonte
Da grande mãe
Da semente sagrada
Do pólen fértil
E da rara existência
De nascer e se tornar parte
De Gaia.
ALÉM DOS SETE CÉUS
Uni-me ao mundo onde os mistérios se revelam
Onde a luz é longínqua,
Onde as trevas não é a escuridão;
Sou pó e sou tudo. Sou parte de um todo na terra.
Sou os pontos que se cruzam
E que entre eles se entrelaçam.
Não há um fim para quem acredita no infinito
Não há morte para quem acredita na reencarnação.
Vivo em todas as partes
E todas as partes vivem em mim;
Sou ar, terra, fogo e água
Sou o quinto elemento.
Há quem diga o contrário
Esse é fruto sem centeia,
É joio fora do trigo.
A antiga religião é parte de um clã vivo
Tão vivo quanto tudo no Universo.
É algo que nem um homem;
Viveria tanto para desvenda-lo.
É vida e morte, é luz e trevas.
É o caminho da vida e a travessia da morte.
São os portões do além
Os portões dos sonhos mais temíveis que nos levam para o submundo,
Que nos conectam com o santo graal
Que nos une com o elo da morte;
E nos rasgam com seu punhal.
Que nos instruem com as escrituras
Por quem teve a chance do aprendizado,
E que nos abre para o conhecimento
Com a chave do espírito sagrado.
ALÉM DO TEMPO
Curvado pelo próprio Cronos
Soou as palavras que encantou o mundo,
Oh! Digitalis Purpúrea, devotado sou
Que de seus dedos de fadas escorram a Euforbia helioscopia;
E, que desse leite matutino possa abrir a porta que selaste.
Espelhos do norte, hypericum perforatum dourados
Liberta-me da Circala Lutetiana,
Que através das lentes corpóreas, tragam do nada o próprio mundo,
Emergido pela imagem refletida, através da charneira côncava;
Foi preso pelos olhos de Nephalium Loganum.
Banhado pelo caos e pelo tempo
Uma forte e resplandecente luz surgira,
E, da luz expandiu-se toda a criação.
O Universo engoliu aquelas palavras
E as facetas de luz se dividiram,
Formando parte do Universo e mares.
Estranhamente, incompreendido pelo homem
Onde acreditar que o pai tempo
Foram as faces das horas,
Houve um soar de voz
Sou a consciência que molda os níveis de objetividade,
Sou o tempo, nada mais
Por excelência e criatividade.
O homem se levantou
E, pela primeira vez,
Soube compreender quem eras
Antes, preso por sua ambição.
Agora, liberto por sua compreensão
Eras apenas um ser
Em evolução.
VESTIDA DE ESTRELAS
Havia um desfiladeiro exorbitante de pedras íngremes
Que criava um trilho desgovernado e passagens secretas,
Levando para o desconhecido;
Entrei...
Por uma pequena abertura deslizante, alto e fatal
Vi a água que se resvalava por trás delas,
Daquelas paredes geladas, imensas e impenetráveis,
A força e sua potência, o perigo e o pavor.
Atravessei um enorme espaço vazio de um átrio apavorante
Onde o único habitante possuía uma espécie de horror inevitável,
Que invadiu e impregnou de imediato todos os meus sentidos;
A pressão das águas que se debruçavam por trás daquelas muralhas de pedras
Um pavor real!
Continuei a seguir na direção do friso de luz
Que teimosamente se arrastava num buraco nos seixos,
O desconhecido me chamava, aquela sensação de medo e êxtase
O som hidrogênico que me calava,
Que dilatava um fio dos milhares de neurônios,
E, que tocava a última onda cerebral
Tocou-me!
Senti vibrar a sola dos pés, as mãos, a nuca e o coração
Vibrei por incontáveis segundos
Aquela sensação jogou-me no chão, vibrando impiedosamente,
Eu tinha que ter forças se quisesse seguir o caminho
Mas, ainda prostrada sem fôlego, fez-me abrir os olhos,
Pela umidade e frieza do chão árido que me sucumbiu
E, quase não consegui me conter.
Antes, caminhando de dia eu estava diante da noite;
Vestida de estrelas e sua cortina de trevas
Que me cobria docemente para mergulhar em outras eras.